A Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) registrou mais de 30 denúncias do golpe do falso advogado nos últimos cinco meses. Em entrevista ao Notícia da Manhã, o delegado titular da DRCI, Humberto Mácola, explicou como os criminosos costumam agir.
“O criminoso obtém informações judiciais, incluindo dados de advogados, valores e prazos. A partir disso, ele entra em contato com a vítima e simula um ganho judicial inexistente. Com o gatilho emocional ativado, a vítima é abordada pelo falso advogado via WhatsApp, que exibe a imagem real do profissional, mas utiliza um número falso. O golpista então solicita um pagamento para a suposta liberação de um alvará, mas, na realidade, trata-se de um golpe”, destacou o delegado.
Humberto Mácola informou ainda que a polícia investiga o possível envolvimento de pessoas com acesso ao sistema judicial. Na última semana, o ex-assessor do Tribunal de Justiça do Piauí (TJPI), João Gabriel Costa, confessou ter acessado ilegalmente os sistema do PJe (Processo Judicial eletrônico) e fraudado mais de 100 processos.
“O processo judicial, em tese, é público, e qualquer pessoa com acesso ao sistema pode obter essas informações. No entanto, não descartamos a possibilidade de que esses dados estejam sendo acessados por pessoas de dentro do próprio sistema, e isso está sendo averiguado. Nosso inquérito policial foi aberto no ano passado e estamos recebendo denúncias tanto de advogados quanto de vítimas que realizaram transferências. A investigação é sigilosa, mas garantimos que daremos uma resposta à sociedade nos próximos meses”, afirmou.
Como evitar cair no golpe
Para evitar esse tipo de fraude, a Polícia Civil orienta a população a sempre desconfiar de abordagens suspeitas e, se possível, verificar diretamente com o advogado ou o escritório.
“Todo crime cibernético apresenta sinais de alerta. O primeiro é que o contato telefônico do criminoso não está salvo na agenda da vítima, o que já é um indício de fraude. Além disso, no momento da transferência, o golpista nunca usa a chave Pix do advogado verdadeiro ou o CNPJ do escritório. Nossa recomendação é desconfiar, ir presencialmente ao escritório para confirmar a informação e, caso tenha o contato verdadeiro, ligar diretamente para o advogado. Nunca realize pagamentos via Pix para pessoas desconhecidas”, ressaltou o delegado.
O delegado destacou ainda que a Polícia Civil mantém uma parceria com a Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Piauí (OAB-PI), para combater esse tipo de crime.
“Recebemos denúncias semanalmente, e a OAB está alinhada com a Polícia Civil. Mantemos contato direto com a presidência da Ordem para troca de informações e orientações”, concluiu.
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Fonte: Rebeca Lima e Najla Fernandes (TV Cidade Verde)
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