Após deixar a Penitenciária Feminina, Lucélia da Conceição, 52 anos, disse em entrevista exclusiva a TV Cidade Verde que está com medo de morar em Parnaíba. Ela foi colocada em liberdade ontem (13) e está no litoral piauiense abrigada na casa de familiares, já que sua residência foi incendiada após sua prisão ocorrida no dia 23 de agosto de 2024.
Lúcelia foi indiciada por homicídio qualificado. A investigação da Polícia Civil apontou que ela envenenou os cajus que havia doado aos meninos Ulisses Gabriel, 8 anos e João Miguel, 7 anos, em agosto do ano passado. Os dois morreram intoxicados com a substância terbufós, presente em fertilizantes. No entanto, o laudo do Instituto Médico Legal do Piauí, que só ficou pronto na última quinta-feira (09), constatou que os cajus não estavam envenenados. Após o resultado desse laudo, o Ministério Público do Piauí pediu a soltura de Lucélia da Conceição e ela foi posta em liberdade na noite de ontem (13).
Em entrevista exclusiva ao apresentador Joelson Giordani, da TV Cidade Verde, Lucélia disse que está com medo de morar em Parnaíba, onde residia antes de ser presa. Ela afirmou ainda que foi ameaçada durante os cinco meses em que ficou presa na Penitenciária Feminina, em Teresina.
"Eu estou com medo de morar em Parnaíba. Desde que cheguei aqui não fui ameaçada, mas na cadeia eu fui ameaçada. Eu baixava minha cabeça e ficava quieta em um canto, com medo. Agora eu não quero pensar no que passou. Agradeço muito a Deus porque tudo passou. Agora eu só quero olhar para a frente, não vou pensar no que ficou para trás", disse ela.
Abrigada na casa de parentes, ela disse que ficou muito triste quando soube que sua casa havia sido incendiada.
"Eu soube que colocaram fogo na minha casa quando eu estava presa na Central de Flagrantes de Parnaíba, no dia 23 de agosto [de 2024]. Eu entrei em desespero quando vi tudo destruído, eu nunca pensei em passar por uma coisa dessa em toda a minha vida. Eu nunca fiquei na minha vida distante da minha família e na prisão eu tive, assim, muito problema com as outras presas que ficavam me ameaçando. Eu ficava na minha, só lendo a minha Bíblia, às vezes eu chorava. Tudo isso eu passei, foi muito sofrimento", relatou.
O advogado Sammai Cavalcante, que defende Lucélia da Conceição, disse que Lucélia segue sob investigação e no próximo dia 23 de janeiro está agendada para acontecer a audiência de instrução e julgamento de sua cliente. O advogado criticou, ainda, o fato da defesa ter sido responsabilizada pela demora de conclusão do laudo que comprovou que os cajus consumidos pelos meninos não estavam envenenados.
"A prova, o lastreio da prova, deve vir com a denúncia. A denúncia foi oferecida e eu solicitei que ela fosse editada e a Lucélia declarada inocente, sumariamente pela Justiça. Mas a denúncia foi aceita e a tese da defesa não prosperou num primeiro momento. Agora, aos 44 minutos do segundo tempo, o Estado do Piauí juntou o laudo pericial. Esse laudo já deveria constar no processo há muito tempo, quem sabe até tivesse evitado etapa criminosa, que aconteceu quando a Sra. Lucélia já se encontrava no cárcere, então atribuir responsabilidade à defesa sobre o atravancamento de juntar o laudo pericial ao bojo do processo é um 'tapa na cara da sociedade' ", disse.
Até a publicação dessa matéria, a audiência de instrução e julgamento segue agendada para o dia 23 de janeiro.
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Por Adriana Magalhães/Cidade Verde
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