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História de Flamengo e Gabigol chega ao fim

O término será com festa e homenagens.

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 Foto: Gilvan de Souza / CRF

Complexa como uma boa história de amor tem de ser, a relação entre Gabigol e Flamengo chega ao fim neste domingo. Jogador e torcida se encontram uma última vez para dizer adeus - ou um até logo, quem sabe. O término será com festa e homenagens, mostrando que os seis anos juntos vão ficar marcados pelos vários pontos altos. As polêmicas e o desgaste, porém, pesaram para esse relacionamento sempre intenso acabar na última rodada do Campeonato Brasileiro, às 16h, contra o Vitória.

Gabriel deixará o Flamengo com um Maracanã completamente lotado. A chegada foi até tumultuada, mas discreta se considerar tudo que aconteceu depois. Cerca de 20 torcedores e muitos veículos de imprensa receberam o jogador, que chegou ao lado da família para se apresentar ao clube rubro-negro. Ele, que não foi a primeira opção naquele janeiro de 2019, se disse muito feliz. Nas primeiras palavras, avisou que retribuiria com muita entrega. "Quero fazer gols e ser campeão... A minha história com a camisa do Flamengo começa a ser escrita agora. Espero que ela seja muito feliz". E foi.

Gabigol cresceu e se tornou homem no Flamengo, como ele mesmo define. Chegou aos 22 anos, hoje deixa o clube com 28 e o nome marcado entre os maiores ídolos da história rubro-negra.

Personalidade forte

É difícil conviver com Gabigol sem formar uma opinião sobre ele. Quem esteve nesses seis anos viveu, muitas vezes, um caso de ame ou odeie. O jeito difícil, a forma de se relacionar e a personalidade forte fazem com que alguns torçam o nariz e não gostem ou tenham dificuldade no trato do dia a dia. Outros caem nas graças do atacante, ganham um pouco mais de abertura e se dão bem com ele. Fato é que Gabriel nunca foi dos mais sociáveis nos corredores do Ninho do Urubu. Fechado, prefere se relacionar com poucas pessoas. Esse lado mais recluso ganhou força nos últimos anos, quando a liderança no vestiário ficou mais discreta a medida em que a crise técnica aumentava.

Gabi nunca teve medo do embate. Seja com a imprensa nas entrevistas ou até com o próprio Flamengo. Já disse que o clube não era Big Brother, expôs jornalistas em lives, afirmou que muitas mentiras saem sobre ele e mais recentemente foi às redes rebater uma versão da diretoria rubro-negra sobre o afastamento do time. No meio do ano, quando negociava com o Palmeiras, ele pediu à assessoria para ir à zona mista do Maracanã dar seu lado da história. Isso é incomum, já que Gabigol apareceu para pouquíssimas entrevistas nos últimos anos. Na própria convivência diária, fazer as coisas do jeito dele acabou se tornando comum até para compromissos de dentro do Fla. Só faz quando quer e não necessariamente com bom humor.

O caso do exame antidoping mostra também um dos lados da personalidade do camisa 99. Na defesa, o Flamengo disse reconhecer que foi um caso de indisciplina, comportamento inadequado, e não uma fraude. O jeito direto já gerou também momentos mais quentes com outros jogadores (vistas como naturais em treinos), como o próprio Filipe Luís admitiu nos tempos de atleta. Os treinadores não passaram ilesos. No amor com Jorge Jesus também haviam discussões. Em uma delas, Gabriel deixou o treino no meio. Com Filipe já brigou dentro do campo. Com Tite, deu várias indiretas em treinamentos pela falta de espaço até declarar publicamente que não era respeitado pelo antigo técnico. No fim, porém, vários deles nutriram boa relação com o centroavante.

Enquanto Gabigol foi decisivo, o jeito de ser foi passando. Depois que entrou em declínio, o jogador começou a ser mais criticado internamente. Postagens, entrevistas e o comportamento foram gerando problemas. A foto com a camisa do Corinthians em uma festa em casa foi o auge e resultou na perda da camisa 10, uma quebra que a relação entre ele e o clube nunca superou. O desgaste da longa relação e promessas não cumpridas dos dois lados colocou o ponto final na história. É justo dizer que no último ano poucos imaginavam uma reviravolta, e o fim se tornou o caminho natural.

O mais decisivo

Gabigol custou quase R$ 100 milhões ao Flamengo e se pagou, mesmo que saia de graça nesse fim de contrato. Ele deixa o clube como jogador com mais títulos na história, ao lado de Zico, Júnior, Arrascaeta e Bruno Henrique. Conquistou Carioca 2019, 2020, 2021 e 2024; o Brasileirão 2019 e 2020; a Copa do Brasil 2022 e 2024; a Libertadores 2019 e 2022; a Recopa Sul-Americana 2020 e a Supercopa do Brasil 2020 e 2021.

Gabriel foi fundamental em praticamente todas as decisões. Nos títulos, fez dois gols na Libertadores 2019 e um na de 2022, um gol na Supercopa do Brasil em 2020 e 2021, um na Recopa sul-americana de 2020, três no Carioca de 2021, além dos dois na Copa do Brasil 2024. No Brasileiro, foi artilheiro em 2019 e decisivo em 2020. Até quando o Fla não venceu, ele apareceu. Na Liberta de 2021, fez o gol na final contra o Palmeiras.

Se internamente o jeito podia não agradar sempre, a relação com a torcida foi soberana. A comemoração mostrando o muque virou febre entre as crianças, as camisas com o nome de Gabigol dominaram o Maracanã. Filhos foram batizados depois dele, tatuagens estamparam todos os tipos de corpos. Mesmo nos piores momentos, os rubro-negros seguiam reconhecendo o tamanho do maior ídolo da atual geração. Foi só o episódio da camisa do Corinthians que estremeceu de fato essa sinergia, mas não completamente. O frenesi a qualquer sinal de Gabriel Barbosa é inegável. A sintonia será testada uma última vez quando o atacante entrar em campo pela última vez neste domingo.

 

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Por Folhapress / Luiza Sá

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