Não há muitos motivos para comemorar este Dia do Trabalho. Com a economia no período mais longo de recessão desde os anos 1930, o desemprego bate recorde a cada mês, a inflação continua alta, e o valor dos rendimentos está em queda. A deterioração é nítida: o número de pessoas à procura de emprego cresceu 79% nos últimos quatro anos. Eram 6,2 milhões em 2012, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) passou a divulgar a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), um levantamento abrangente de indicadores econômicos e sociais em mais de 3 mil dos 5,5 mil municípios do país. Hoje, há 11,1 milhões de brasileiros sem trabalho.
O aumento da desocupação superou largamente o crescimento da População Economicamente Ativa (PEA), que, no mesmo período, foi de 21,5%, passando de 79 milhões para 90,6 milhões. Os dados mostram, portanto, que, além de não absorver os novos contingentes que chegam ao mercado, as empresas, sufocadas pela crise, estão dispensando quem já estava colocado. E a previsão é de que as oportunidades continuem se estreitando. O Produto Interno Bruto (PIB), que caiu 3,8% em 2015 por causa dos equívocos da política econômica do governo Dilma Rousseff, deverá ter retração de 4% neste ano. Com isso, segundo especialistas, mais três milhões de pessoas se juntarão ao exército de desempregados, que, até o fim do ano, deverá somar 12% da PEA.
“A taxa de desemprego é umbilicalmente ligada ao PIB. E o país parou de crescer. É uma tragédia no tempo”, define Simão Davi Silber, professor da Universidade de São Paulo (USP). “O PIB do Brasil é um dos que mais caem no mundo, então o resultado é necessariamente o aumento do desemprego”, completa o professor José Alberto Ramos, da Universidade de Brasília (UnB).
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Correio Braziliense
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