José Lopes dos Santos (Ipueiras, 20 de setembro de 1919 — Teresina, 30 de abril de 2006) foi um jornalista, advogado e político brasileiro, natural do estado do Ceará, que viveu no estado do Piauí a maior parte de sua vida publicando uma extensa bibliografia sobre os aspectos políticos do estado que adotou para viver.
Filho de Oscar Lopes dos Santos e Maria Morais Lopes (mais conhecida como Marieta), mudou-se para o Piauí em 1934, chegando em solo piauiense dois dias antes da instalação oficial da cidade de São Miguel do Tapuio, para exercer o cargo de secretário municipal com funções de guarda-livros (profissão hoje equivalente à de contabilista.
Sagrou-se o primeiro prefeito do município de São Miguel do Tapuio, eleito por sufrágio popular, sendo filiado então ao PSD.
Leia na íntegra matéria especial onde José Lopes (In Memoriam) faz menção, no livro a Vida e Seus Caminhos, página 118, a Luís Araújo Torres, figura sãomiguelense (In Memoriam) que compôs , juntamente com o autor-político José Lopes, o primeiro vice-prefeito de São Miguel do Tapuio eleito com o voto popular:
Desde quando comecei entender as coisas ouço falar na profecia “o mundo vai se acabar”. Pessoalmente defendo o ponto de vista de que o mundo não se acaba; acabam-se os que nele vivem e vão desaparecendo da face da terra.
Perdi recentemente um amigo, e entendo que, para ele, o mundo se acabou. Trata-se de Luís Araújo Torres, a quem conheci na juventude e com quem convivi durante muitos anos. Luiz Araújo, filho de São Miguel do Tapuio, visitava, periodicamente, a negócios, a terra em que residi nos meus primeiros 15 anos – a cidade de Crateús, Estado do Ceará. Nosso primeiro encontro se deu no “Bar do Furtadinho”, que ele e eu gostávamos de frequentar, atraídos pelo salão de bilhar, uma das poucas diversões existentes, à época, nas cidades interioranas.
Em fins de 1934 quis o destino que eu fosse residir em São Miguel do Tapuio , onde Luís Araújo nasceu , cresceu , constituiu família , além de adquirir , ampliar e preservar sólido patrimônio.
Na década dos 50 Luís Araújo mudou-se para Teresina , mas continuou mantendo permanente contato com a terra natal , quase sempre dividindo o tempo: uma semana aqui e outra lá, até quando não mais teve forças para viajar , postando-se, doente. Morreu aos 77 anos de idade, em Teresina, no dia 23 de abril de 1990.
Quando, após sete anos exercendo o cargo de Secretário da Prefeitura de São Miguel do Tapuio , transferi-me para Parnaíba , Luís Araújo recomendou-me ao irmão Raimundo que ali residia e era casado com uma filha do empresário Pedro Machado de Morais. À despedida ele me convidou: - “Se não se der bem em Parnaíba , volte para estabelecermos uma firma comercial em São Miguel do Tapuio”. O convite foi reforçado quando, não me dando bem com a água de Parnaíba, pedi dispensa do cargo de Inspetor de Agente da SULAMÉRICA Companhia Nacional de Seguros de Vida na região Norte do Estado.
Foi assim que, no começo de 1944, constituímos a firma ARAÚJO TORRES & LOPES, que explorava o comércio de loja de tecidos e miudezas e o de compra e venda de gêneros d exportação. Os negócios andaram bem e posso dizer que fomos bem sucedidos. De repente porém, veio a redemocratização do país e nos tornamos políticos. Filiamo-nos, ambos, ao Partido Social Democrático (PSD). Foi uma decisão amadurecida, tomada pelo desejo de apoiar o chefe do Partido no município, o então prefeito Manoel Evaristo de Paiva.
De pleito em pleito (o federal , em 12/45, e o estadual , em 01/47) fomos esbarrar na disputa municipal , por coincidência figurando eu como cabeça de chapa , candidato a prefeito , e ele como candidato a vice-prefeito. Vencemos e sempre mantivemos linha de conduta política coerente, sem desavenças ou atropelos de qualquer natureza. Quando , em 1950, tive que me ausentar do município durante dois meses, em viagem de serviço fora do Estado, ele me substituiu, sem solução de continuidade para a administração do município. Comportou-se , como era do seu feitio, com dedicação e lealdade , atributos hoje não muito frequente na maioria dos políticos brasileiros.
Sou e tenho prazer em me proclamar municipalista de quatro costados. Mas devo reconhecer , por dever de justiça , que Luiz Araújo o foi com muito maior intensidade do que eu, pois, embora passando a residir em Teresina , somete deixou de conviver com o seu povo quando não mais teve forças físicas para voltar a São Miguel do Tapuio, onde está sepultado.
Pouco tenho a oferecer à memória de Luís Araújo, companheiro de quem agora sinto profunda saudade, lembrando-me da convivência de muitos anos e das viagens que, juntos, realizamos a Fortaleza, mais de uma vez, para a compra de mercadorias com que sortíamos o nosso estabelecimento comercial; e também das viagens que fizemos a cavalo (no tempo em que a refeição do viajante era o frito de galinha com rapadura da Serra Grande).
Espírito jovial e extrovertido , nem por isso deixava de ser austero e cumpridor de suas obrigações , quaisquer que fossem , como proprietário e fazendeiro, comerciante, político e chefe de família.
Pouco tenho a oferecer - eu dizia – à memória de Luís Araújo ; mas tenho orações , que é o de que ele mais precisará , daqui por diante. E ao recitá-las estarei sempre pedindo a Deus pelo repouso eterno de sua alma.
(Transcrito do livro a Vida e seus Caminhos - Volume 2º , do autor José Lopes dos Santos , e também publicado no Jornal Diário do Povo e no livro “Política e outros Temas”, páginas 777e 778).
P U B L I C I D A D E
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