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'Nasceu do meu coração', diz mãe que adotou criança encontrada no lixo

Samuel foi achado recém-nascido na favela do Vidigal, no Rio de Janeiro. Sem conseguir engravidar, casal de Resende lutou pela guarda na justiça.

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 Filho do coração, Samuel pede um irmãozinho para família (Foto: Cristiane Mendes/G1)

“Não nasceu da minha barriga, mas nasceu do meu coração. Meu amor por ele surgiu desde o dia em que eu fiquei sabendo da sua existência”, conta a consultora de beleza, Gersileia Paz Cabral Pinto. Moradora de Resende, no Sul do Rio de Janeiro, ela e o marido adotaram um bebê encontrado dentro de um saco plástico, em uma lixeira, na entrada da favela do Vidigal, no Rio.

Segundo ela, a chegada de Samuel foi uma surpresa na vida do casal. Sem conseguir engravidar, eles contrataram um advogado e deram entrada no processo de adoção.

“Quando casamos, tentamos engravidar de forma natural. Cheguei a ficar grávida por três vezes, mas sempre perdia. Então, optamos pela a adoção. Contratamos um advogado e fomos divulgando para os familiares e amigos que nós queríamos adotar uma criança, que estavámos à procura”, contou.

A história da Gersileia e do filho de coração Samuel é tema da décima reportagem da série "Coração de Mãe". As matérias contarão, até domingo (10), Dia das Mães, casos de superação de mulheres que deixaram algum ponto de suas vidas para realizarem o sonho da maternidade.

Foi conversando com amigos que a família chegou até o Samuel em 2011. Sem ainda saber da existência da criança, ela comentou sobre o assunto com um padrinho de casamento.

“Nesse mesmo dia, ele entrou em contato comigo e falou que um bebê recém-nascido havia sido encontrado em um saco plástico, numa lixeira da favela. Naquele momento eu disse: 'é o meu filho'. Eu e meu marido entramos em contato com nosso advogado e ele foi até o Rio para saber mais sobre o caso”, explicou.

Naquele momento eu disse: 'é o meu filho'
Gersileia Paz Cabral Pinto
mão do Samuel

Sem saber sexo, cor e até mesmo se o bebê teria algum tipo de sequela por ter sido deixado no lixo, a família foi até o hospital onde o bebê estava internado para saber se haveria a possibilidade de adotá-lo.

“O nosso advogado nos orientava o tempo todo que podia ser um processo demorado, que outras pessoas também poderiam estar na fila querendo a criança. Mas, sem mesmo conhecer o Samuel, eu sabia que ele seria meu filho e que nós iríamos conseguir ficar com ele”, disse.

Apesar do desejo de ter a criança como filho, o processo para conseguir a guarda provisória teve complicações. “Quando chegamos até o hospital na Zona Sul do Rio, colocaram todos os empecilhos possíveis para a gente não conseguir a adoção. Chegaram até a alegar que nós éramos sequetradores de criança, porque ninguém aceitava o fato de a gente já querer o bebê, sem ao menos conhecê-lo. Mesmo acompanhado do nosso advogado e de um oficial de justiça, foi complicado e muito difícil conseguir a guarda provisória”, lembrou.

Batalha longa
Segundo Gersileia, depois de conseguir a guarda provisória, a família seguiu do Rio de Janeiro para Volta Redonda (cidade onde o casal morava na época).

“Ele precisou ficar internado 10 dias em um hospital porque pegou uma infecção generalizada. Nesse período, foi uma loucura para montar o quartinho dele. Eu não tinha nada de enxoval. Lembro que as primeiras roupinhas que ele usou foram emprestadas por uma médica, que também tinha um filho pequeno e se sensibilizou com a nossa história. Virei mãe da noite para o dia e tive que aprender toda a forma de lidar com um bebê recém-nascido em casa”, contou.

Mesmo com a guarda provisória, o processo de adoção demorou um ano e nove meses para ser concluído.

“Durante todo esse tempo, a justiça pediu a guarda provisória dele várias vezes. Praticamente de dois em dois meses um oficial de justiça batia na minha porta falando que ia precisar levar o Samuel para um abrigo. Foi uma batalha, mas nosso amor por ele era tão grande que nós nunca pensamos em desistir. Lutamos até o fim para conseguir a guarda definitiva, que só saiu quando ele estava com quase dois anos”, disse, emocionada.

[Gersileia e o marido adotaram Samuel em 2011 (Foto: Cristiane Mendes/G1)] Gersileia e o marido adotaram Samuel em 2011
(Foto: Cristiane Mendes/G1)

Amor incondicional
O pequeno Samuel completa cinco anos em novembro de 2015. Segundo os pais, apesar de ser criança, o menino sabe de toda luta que a família  enfrentou para conseguir ficar com ele.

“Sempre contamos para ele que ele era o nosso filho do coração, que não havia nascido da minha barriga, mas que era um presente enviado por Deus.  Quando ele fez um ano, nós fizemos questão de montar um livro que conta toda a história dele. Fomos privilegiados por Deus. O Samuel é uma criança muito amada e a gente tem certeza que ele nunca vai ter dúvidas disso”, disse.

A mãe revela ainda que o desejo de ter mais filhos é grande. De acordo com ela, o casal já faz planos para o futuro.

“Mesmo depois de passar por todos os obstáculos para conseguir reconhecer o Samuel como nosso filho, a gente não saiu da fila de adoção. Hoje, temos uma habilitação para adoção e estamos na fila de espera. O Samuel pede muito um irmãozinho e nós temos cada vez mais vontade de aumentar a nossa família”, planeja.

G1

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