Não há milagre que o novo chefe da Secretaria de Comunicação, Sidônio Palmeira, possa fazer para melhorar a imagem do presidente Lula, se ele não fizer um esforço de pensar antes de falar. A crítica que fez aos prefeitos e governantes que matriculam filhos em escola particular é uma dessas falas sem qualquer necessidade política.
Primeiro porque seus filhos estudaram em escola particular quando ele era candidato a presidente da República. Aliados podem até defendê-lo dizendo que ele não havia assumido o cargo de chefe de estado ainda. Mas Lula sempre deixou os filhos que teve com dona Marisa longe do ensino público brasileiro.
Segundo que a classe média se esforça muito para conseguir pagar as mensalidades cada vez mais altas nas escolas particulares. O esforço que alguns prefeitos fazem na qualidade do ensino público não se mede por esse indicador. Mas pelos indicadores de qualidade da educação como o Ideb (Índice do Desenvolvimento da Educação Básica).
Os dados mostram que alguns prefeitos têm tido avanços importantes, e outros não. Alguns estados avançaram, outros não. Muitos dos seus aliados têm histórias boas para contar e números bons para mostrar. Quando critica os pais, o presidente incomoda a classe média, que anda sobrecarregada – e que vê com cada vez mais desconfiança o seu terceiro governo.
“Muitas vezes é assim. Você chega em uma cidade e pergunta: ‘Prefeito, como é que está a educação? Ah, está maravilhosa, a educação aqui é fantástica.’ Aí você pergunta: ‘teu filho estuda na escola fantástica? Não, estuda na particular”, afirmou Lula, para depois completar dizendo que o país só dará certo quando a classe média voltar para a escola pública.
Fato é que a popularidade de Lula caiu razoavelmente nos últimos meses a ponto de o presidente decidir trocar seu ministro das comunicações, mesmo com o ônus político da troca no coração do Palácio do Palácio do Planalto. Para um político que precisa recuperar a boa imagem e ampliar o eleitorado é um tipo de discurso inexplicável. Especialmente aos olhos do marketing de governo.
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Fonte: MATHEUS LEITÃO/VEJA
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