Os dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (ideb), divulgados está semana, mostram um cenário de leve melhora no Brasil. No Sertão de Pernambuco, uma escola localizada no município de Inajá mantida pela ONG Amigos do Bem, obteve 9,2 pontos no Ideb, um resultado notável em comparação com a média nacional, abaixo de 6 para o ensino fundamental, e superior à média do ensino privado, perto de 7.
Há uma década, a escola atingia uma nota de apenas 3,5 no Ideb, refletindo um cenário considerado negativo para a região. A chegada dos Amigos do Bem em 2017 marcou o início de uma mudança significativa, elevando a nota para 7,1 em poucos anos. Após sete anos de trabalho e acompanhamento, a nota da escola avançou para 9,2.
“Eu sempre falo que quem tem fome não é livre, e quem não sabe ler e escrever também não. Sabemos que a única forma de romper o ciclo de miséria secular no sertão é por meio da educação e do trabalho, promovendo a geração de renda e levando oportunidades, vidas”, disse Alcione Albanesi, presidente e fundadora da ONG Amigos do Bem.
O avanço na escola do Sertão pernambucano, em uma região historicamente marcada por grandes desafios, supera até mesmo as notas alcançadas em estados mais desenvolvidos e com maior infraestrutura. Esse resultado é ainda mais notável quando comparado à média nacional do Ideb 2021 de 5,8 para o Ensino Fundamental, com uma média de 7,1 no ensino privado e 5,5 no público. No contexto nacional, a maior nota do IDEB 2021 para escolas particulares foi de 7,4 no Distrito Federal, enquanto no ensino público foi de 4,6 no Paraná.
"Ver o progresso dos nossos alunos ao longo dos anos é emocionante e reafirma o poder da educação como agente de mudança. A nota que alcançamos hoje, de 9,2, é mais do que um número; é um reflexo de vidas transformadas, de crianças que agora enxergam um futuro promissor.’’ Elilde Araújo Gomes, diretora da Escola dos Amigos do Bem.
Ideb 2023
O índice que mede a qualidade da educação no Brasil mostra, em 2023, melhoras pontuais em relação a 2021, mas ainda aponta que os avanços registrados não foram suficientes para colocar todas as etapas do ensino no país dentro das metas estabelecidas pelo Ministério da Educação (MEC).
É o que mostrou, na última quarta-feira (14), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), ao divulgar os resultados do Ideb – Índice de Desenvolvimento da Educação Brasileira.
CONTEXTO: quando o MEC definiu as metas no Ideb, considerou apenas o período de 2007 a 2021. Como ainda não foi divulgado um novo patamar a ser atingido, o g1 comparou os índices atuais à escala que estava vigente há dois anos.
Veja abaixo:
- Nos anos iniciais do ensino fundamental, o Ideb nacional foi de 6 – um aumento em relação a 5,8 (em 2021) e 5,9 (em 2019). A meta para esta etapa do ensino, em 2021, era justamente 6.
- Nos anos finais do ensino fundamental, o número foi de 5, ante 5,1 no levantamento de 2021 e 4,9 em 2019. A meta para esta etapa do ensino, em 2021, era 5,5.
- E no ensino médio, o Ideb ficou em 4,3 – aumento de 0,1 quando comparado a 2021 e 2019 (4,2). A meta para esta etapa do ensino, em 2021, era 5,2.
Como observado, a única etapa que alcançou a meta foi a dos estudantes de 1º a 5º ano -- puxada principalmente pela melhora do fluxo dos alunos (ou seja, da aprovação deles na escola). Manuel Palacios, presidente do Inep, afirma que, no início dos anos 2000, as taxas de reprovação eram gigantescas, mesmo diante de pesquisas que mostram que reter o aluno não melhora o desempenho dele.
"Acho que, se observarmos esses dados ao longo de 18 anos, é uma grande história de sucesso na educação brasileira. (...) É preciso que a gente avance na educação na idade certa no país."
Os dados apresentados são relativos a 2023. É a primeira avaliação nacional em larga escala que acontece após a pandemia de Covid-19 (a edição de 2021 teve menor adesão, por causa do fechamento das escolas).
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Fonte: G1
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