Subiu para 59 o número de mortos confirmados no desastre das chuvas históricas que atingiram o litoral norte de São Paulo no último final de semana. Destes, de acordo com o governo do estado, 54 já foram identificados e liberados para sepultamento: 19 homens, 17 mulheres e 18 crianças.
A busca pelos desaparecidos foi retomada neste sábado (25), após ter sido interrompida na noite anterior devido a novas pancadas de chuva na região.
Na chamada zona quente, local mais atingido pelo deslizamento de terras, funcionários da Anatel auxiliam na procura pelos corpos usando dispositivos que detectam sinal de celulares. A expectativa é que onde existe o sinal de celular ou de outros aparelhos eletrônicos haja corpos por perto.
Até agora, segundo funcionários, três corpos foram encontrados devido ao uso desse mecanismo, inclusive um neste sábado.
O sistema, composto por uma antena HL40 acompanhada de um analisador de espectro, capta o sinal de aparelhos que estejam tentando contato com as torres de transmissão.
O mecanismo, porém, não indica a profundidade do celular, assim como não há garantias de que o celular esteja próximo de um corpo. Além disso, no sétimo dia de buscas, é possível que a maioria dos telefones já esteja sem bateria.
Os deslizamentos deixaram mais de 2.251 desalojados e 1.815 desabrigados na região.
Na quinta-feira (23), vítimas das chuvas começaram a receber acolhimento terapêutico de profissionais da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social. Os atendimentos acontecem em nove pontos que estão servindo de abrigo para os atingidos, em locais como Vila Sahy, Boiçucanga e Juquehy.
Os serviços vão desde acolhimento no luto e cadastramento para receber benefícios sociais até suporte no reconhecimento de corpos e atividades de recreação para crianças. Até agora, segundo o governo estadual, já foram feitos 1.000 atendimentos.
Estradas
O Departamento de Estradas de Rodagem (DER) informa que o tráfego está liberado para veículos leves e pesados nas rodovias da região de São Sebastião. Seguem parcialmente interditados os seguintes trechos da Rio-Santos:
Km 155 - erosão; Km 189 - erosão (Praia da Boracéia); Km 066- queda de barreira (Praia da Fortaleza); Km 087 - queda de barreira e árvores (Praia da Cocanha); Km 96 - queda de barreira (Praia Massaguaçu); Km 116 - queda de barreira (Praia da Cigarra); Km 136 ao 142 - queda de barreira, erosão e árvores (Praia do Guaicá e Toque Toque); Km 157 ao 162 - queda de barreira (Praia de Maresias); Km 164 - queda de barreira (Praia de Boiçucanga); Km 174 - queda de barreira (Praia Preta); Km 180 - queda de árvore (Praia Preta); Km 188 ao 189 - erosão (Praia de Boracéia); Km 203 - queda de barreira (Praia Guaratuba). Por causa do rompimento de uma tubulação, a Rodovia Mogi-Bertioga segue totalmente interditada na altura do km 82, em Biritiba Mirim. As obras de reparação já começaram, mas a previsão é de que o trânsito só seja liberado em dois meses e que os trabalhos sejam concluídos em até seis.
O acesso ao litoral norte pode ser feito pelo Sistema Anchieta-Imigrantes, Rodovia dos Tamoios e Rodovia Oswaldo Cruz, a depender do ponto na Rio-Santos onde o motorista se encontra e do destino.
Apesar disso, o Governo de São Paulo orienta turistas a não viajarem para as áreas do litoral afetadas pelas chuvas. O objetivo é evitar sobrecarregar o atendimento em hospitais, o trânsito nas estradas e o abastecimento de água e de alimentos na região.
Segundo a Polícia Militar, as rodovias da região precisam estar desobstruídas para que veículos de socorro e de resgate possam circular livremente. A PM orienta também que doações sejam feitas em postos que não estejam localizados nos municípios atingidos.
O governo do Estado afirmou que 43 famílias estão instaladas em hotel disponibilizado por instituição financeira. Alguns animais resgatados também estão no local. São as primeiras famílias desabrigadas e desalojadas no temporal a serem acolhidas após parceria.
O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), esteve na região neste sábado e afirmou que o governo federal estuda usar moradias em Bertioga, na Baixada Santista, para abrigar desalojados.
"Há 1.500 apartamentos na cidade vizinha, em Bertioga, que estão praticamente prontos. Claro que eles se destinam à Caixa Econômica Federal, pois foi uma parceria entre governo estadual e federal. O Estado entrou com recursos do Casa Paulista. É um programa chamado Entidades. De repente, uma parte disso, pode ser cedida para essas famílias. Vamos conversar com o prefeito de Bertioga e com a Caixa", disse. "É uma emergência. Depois vamos construir as casas necessárias."
Fonte: Folhapress/Jéssica Maes
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