O Brasil foi dominado a maioria dos 120 minutos contra a Espanha. No partida normal e na prorrogação.
Mas conseguiu a medalha de ouro, o bicampeonato olímpico. Graças aos individualismo, aos seus jogadores. Não à parte coletiva, que o time deixou muito a desejar.
Mas Matheus Cunha e Malcom conseguiram reverter a vantagem coletiva espanhola. E com muita garra a Seleção conseguiu vencer por 2 a 1.
Medalha de ouro em Tóquio
Com muito sofrimento.
Com direito até a Richarlison desperdiçar um pênalti.
Por justiça, Jardine não pôde ter Neymar, Marquinhos, Pedro, Gerson, que não foram liberados por seus times.
O que deixou a equipe muito muito mais fraca do que poderia.
A final começou de maneira assustadora.
Luis de La Fuente resolveu apostar tudo. A Espanha se planejou para nos primeiros vinte minutos agir como se fosse uma gigante do futebol, contra um time pequeno. Sob pressão na saída de bola, com as linhas adiantadas.
Com coragem, encurralou os supresos comandados por Jardine. A aposta estava, principalmente, no desentrosamento e no menor potencial defensivo do Brasil. Um time com o problema crônico das bolas aéreas.
E foi assim que os espanhóis quase marcaram o primeiro gol. Aos 16 minutos, Oyarzabal cabeceou, a bola desviou em Diego Carlos, que enganava Santos. Mas o zagueiro brasileiro se recuperou e conseguiu tirar a bola em cima da linha.
Pesava também o enorme entrosamento da equipe ibérica. Afinal, a maioria do time atua junto desde 2019. Enquanto o Brasil olímpico era um improviso só. A explicação para o jogo espanhol ser muito mais consciente.
Os brasileiros estavam muito nervosos, diante da ousadia. Foi preciso Daniel Alves gritar muito para acalmar a equipe.
Dois fatores fizeram com que a pressão fosse aliviada no final do primeiro tempo. A própria empolgação dos jovens espanhóis que passaram a deixar espaços importantes para contragolpes. E a subida técnica de Matheus Cunha que, com muita raça, ganhava espaço entre os fracos zagueiros espanhóis Eric Garcia e Paul Torres.
Aos 38 minutos veio um presente. O afobado goleiro/líbero Símon saiu de forma atabalhoada, afobada, agressiva em Matheus Cunha. O atingiu em cheio. Pênalti infantil, que o VAR avisou o fraco juiz australiano Chris Beath.
Richarlison, camisa 10, artilheiro da Olimpíada, e que desejava ser o protagonista do time brasileiro, até para atrair a atenção do Real Madrid, quis cobrar. E decidiu dar paradinha, fazer pose. Esperando Símon arriscar um dos lados. O goleiro ficou parado no meio e perturbou psicologicamente o brasileiro. Desconcentrado, bateu forte demais. A bola subiu e saiu por cima.
O Brasil perdia o pênalti
A insegurança passou para os espanhóis. E nos acréscimos, a Seleção se aproveitou. Claudinho descobriu Daniel Alves atrás da zaga. O veterano desviou a bola que foi para Matheus Cunha, que passou pela zaga e bateu com convicção na saída de Símon.
Brasil 1 a 0.
No intervalo, Luis de La Fuente fez ótima aposta. Tirou Ascensio meia-atacante, longe das melhores condições físicas, e também o volante Merino. Colocou dois meias ofensivos, com excelente preparo físico.
A Espanha tomou conta do segundo tempo. Com o auxílio de Jardine, que recuou o time. Buscando apenas contragolpes. Claudinho estava mal escalado, deslocado para a ponta esquerda, para tentar marcar o lateral Óscar Gil. Antony também recuava buscando o lateral esquerdo Cucurella.
Além disso, o time brasileiro mostrava desgaste físico evidente. Douglas Luis e Bruno Guimarães corriam feito desesperados para tentar proteger a zaga.
As linhas brasileiras estavam recuadas, mas davam espaço demais aos espanhóis, muito mais intensos.
Mas aos seis minutos, Richarlison teve uma chance claríssima, que não poderia ter sido desperdiçada.
Claudinho 'lançou' de cabeça, Matheus Cunha deixou Ricarlison de frente para o gol. Ele driblou o desesperado Óscar Gil deitado, depois de tentar dar o carrinho.
E na hora do chute, Richarlison a bola ficou dez centímetros à frente. O que possibilitou Símon a tocar a perna na bola que bateu no travessão.
A Espanha respondeu partindo ainda mais para o ataque. Se aproveitando do espaço dado pelos brasileiros. Até pelo cansaço.
O justo empate chegou
Bryan Gil encontrou Soler, que cruzou. Nas costas de Daniel Alves, muito atrasado, Oyarzabal, golaço, de sem pulo. 1 a 1.
A Espanha seguiu pressionando, merecia a virada. Trocando bola com consciência.
Jardine precisava, mas não fazia alterações.
O domínio europeu era físico também
E o Brasil deu sorte. Santos tomou duas bolas no travessão. A primeira, Soler errou um cruzamento e a bola acertou a baliza superior do goleiro, aos 39 minutos. Bryan Gil invadiu a intermediária e da entrada da área chutou muito forte. E fez o travessão balançar, aos 42 minutos.
O empate em 1 a 1 foi injusto. Com a Espanha.
Na prorrogação, Jardine tirou Matheus Cunha, desgastado. Colocou Malcom. E tratou de melhorar a marcação, a proteção à zaga passou a ser feita de maneira mais compacta.
A opção do Brasil seguia sendo os contragolpes. Com os espanhóis assumindo o protagonismo da partida. Era o peso do entrosamento.
Jardine deveria ter tirado Claudinho que estava assumidamente cansado. Mas ele apenas assistiu o primeiro tempo da prorrogação ser melhor aos espanhóis.
Na segunda etapa, finalmente Reinier entrou no lugar de Claudinho. O Brasil precisava de fôlego, de arranque. Os espanhóis seguiam empolgados. Com o time adiantado, com espaço atrás.
E foi assim que Antony, renasceu na prorrogação, deu um lançamento sensacional para Malcom. O atacante ganhou do desesperado Vallejo. E chutou na saída do goleiro de Símon. A bola caprichosa bateu no pé direito e foi para o fundo do gol.
2 a 1 Brasil
Com toda aplicação, gana e ajuste defensivo, o Brasil conseguiu segurar a vitória.
E se tornou bicampeão olímpico.
A medalha de ouro é de novo brasileira.
Graças aos céus, o futebol é um esporte sem lógica...
COSME RÍMOLI | Do R7
Foto: STOYAN NENOV/REUTERS - 07.08.2021
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Da Redação | Jornalista Valter Lima
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