Facebook
  RSS
  Whatsapp
Home    |    Notícias    |    Geral

Ética em tempos de pandemia

Dra. Magyda Arabia Araji Dahroug Moussa, professora da Universidade Católica Dom Bosco

Compartilhar

 Dra. Magyda Arabia Araji Dahroug Moussa, professora da Universidade Católica Dom Bosco

Pandemia é um termo epidemiológico utilizado para descrever uma disseminação mundial de uma nova doença que vem se espalhando por diferentes continentes com transmissão sustentada de pessoa para pessoa. E cada pessoa traz consigo uma variedade de virtudes, vícios, sentimentos que em momentos como este acabam se fazendo mais presente. E em uma extrema diversidade, como lidar com ética em tempos de pandemia?

A ética não é individual! Não tem a ver com você e sim com todos! A ética não é unívoca entre as pessoas, pois não há um mesmo entendimento sobre o que é ético. Mas de uma forma bastante simples, a ética é uma ciência da prática, do fazer e mesmo tendo como base diversos pensamentos e teorias de escolas filosóficas, é agindo que a ética é vista, conhecida e entendida.

Há várias virtudes que norteiam as condutas éticas, tais como honestidade, prudência, responsabilidade, sigilo, empatia, responsabilidade, entre outros. No entanto, não é você quem fala da sua própria virtude e sim o outro que reconhece a virtude em você. As nossas virtudes são públicas e em tempos de pandemia não seria diferente.

A ética se dá em momentos de contingência que permeiam em termos azar ou sorte ou pelo momento que estamos vivendo, se me isolo ou não. No entanto, é certo que a pandemia redefine comportamentos, identifica certas virtudes e vícios, tais como a irresponsabilidade, que é o oposto da prudência e o gozo paranoico com discurso exagerado e pessimista acerca do vírus. É prudente resistir a discursos irresponsáveis e apocalípticos. Nunca foi tão fundamental a virtude aristotélica da prudência, principalmente nas decisões de distanciamento social e de quando sair dela. A prudência que devemos ter está entre aqueles que pregam nenhuma medida e aqueles que anunciam o fim do mundo.

Na escola deontológica a premissa discutida tem que valer para todo mundo. Se não vale para todos, não é ético, pois não atende à norma universal. Sendo assim, é importante a busca de normas para auxiliar no norteamento das nossas virtudes e atitudes. Ou seja: Se você tem sintoma e estes se agravam, você busca ajuda médica; se começam testagem em massa, você testa; se você testa positivo para coronavírus, você deve ficar isolado. Ou seja, aquilo que você faz, todos deveriam fazer, o que é utópico, mas deve ao menos funcionar como parâmetro. Percebemos então que a pandemia pode ser resolvida com o comportamento de todos e não apenas por atos dos órgãos competentes e diretrizes entregues às instituições. Temos que aprender a lidar com o vírus, sendo cada um ator da sua responsabilidade moral.

Já do ponto de vista do princípio utilitário, o ser humano age de uma tal forma para que ele sofra o menos possível, fugindo da dor e em busca do bem-estar. É necessário levar em conta o bem-estar e mal-estar que as pessoas sentem do ponto de vista individual e coletivo. Se o mal-estar cresce, as pessoas tendem a ser antiéticas. Ao contrário, se o bem-estar prevalece, as pessoas somam com mais facilidade ao convívio ético. Sendo assim, do ponto de vista das medidas epidemiológicas, é importante levar em conta o equilíbrio do combate do vírus e não a geração de agonia, desespero e desordem por causa disso. As medidas de prevenção à epidemia adotadas no mundo inteiro somado às consequências deste combate tem como objetivo alcançar o menor dano possível.

A discussão ética em tempos de pandemia talvez seja uma das mais dramáticas, pois impactam a sua possibilidade de comportamento que permeiam em bem-estar e mal-estar. É momento de valorizar as boas atitudes, esforços, boas intenções e inovações. Os acontecimentos ruins independem de nós de forma direta, mas precisamos ressignificar a forma de lidar com a pandemia de forma otimista.

Não venceremos essa pandemia sem a virtude da coragem e da prudência. O momento atual deve ser vivido com um somatório de esforços com as virtudes que possuímos e até mesmo aprimorar algumas que certamente nos ajudará a sermos éticos nas próximas adversidades.

Fonte: Artigo opinativo escrito pela Dra. Magyda Arabia Araji Dahroug Moussa, professora da Universidade Católica Dom Bosco

P U B L I C I D A D E 

Fotos relacionadas

Da Redação|Valter Lima

Mais de Geral