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Haddad: Impeachment é golpe e Temer vai colocar país na República Velha

Em entrevista ao jornal 'Folha de S. Paulo

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 Fornecido por Notícias ao Minuto…

O prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) disse, em entrevista ao jornal 'Folha de S. Paulo', que o PT vai sobreviver à crise, mas não vai mais ser o partido hegemônico da esquerda brasileira. Segundo ele, a crise começou há muito tempo e aumentou durante a reeleição do ex-presidente Lula, em 2006.

"Desde então, de fato os ricos se tornaram mais ricos, os pobres se tornaram menos pobres e uma certa classe média tradicional viu sua posição relativa em relação a essas duas outras camadas prejudicada. A classe média perdeu status. Os ricos se distanciaram e os pobres se aproximaram", disse o prefeito.

Ao ser questionado se a classe média derrubou o governo, Haddad diz que esta é uma afirmação forte, "Mas é seguro que um fator importante foi a piora da posição relativa da classe média, que fez surgir uma equação quase impossível de solucionar: ela passou a demandar a melhora dos serviços públicos, para dispensar os privados, sem aumento de tributos", disse.

Sobre a responsabilidade da presidente Dilma na crise e na Operação Lava Jato, o prefeito pondera: "Na reeleição de 2014 ocorreram coisas significativas. Houve um divórcio como nunca se viu entre o Legislativo [de perfil mais conservador] e o Executivo. É sempre difícil para um governo progressista formar maiorias no parlamento, porque a maioria para quem ele quer governar não consegue se fazer representar num sistema totalmente distorcido. Há sempre um descasamento, mas em 2014 ele foi muito maior", considera.

O impeachment, considerado como "golpe" pela esquerda e por Dilma Rousseff, afirma que tudo leva a essa conclusão: "Eu compartilho da opinião de boa parte da comunidade jurídica que considera o impeachment da Dilma um casuísmo. A base para essa punição máxima é frágil. Os pretextos usados, de contabilidade criativa, não vão ser usados contra mais ninguém, embora essa prática seja adotada extensamente por governadores e também no plano municipal. Nesse sentido, fazendo as devidas ressalvas com 1964 [em que os militares tomaram o poder], é golpe".

Com a saída da presidente, Temer assume a faixa presidencial. As consequências seriam uma volta a políticas adotadas no passado, um retrocesso. "A agenda posta como condição de sustentabilidade de um eventual governo Temer tenta colocar o Brasil de hoje na República Velha. É um modelo de sociedade que eu espero que seja inaceitável para a maioria dos brasileiros, um retrocesso no que se avançou em direitos trabalhistas e sociais, por soluços históricos, no Brasil. É isso o que está instalado: um conflito de interesses em relação ao papel do Estado como provedor de direitos sociais básicos previstos na Constituição", comenta.

Após a crise, o PT terá condições de sobreviver? Segundo Haddad, o partido vai resistir, mas em que condições, só a história irá dizer. "O PT vai sobreviver. Pequeno por quanto tempo, médio por quanto tempo? A história vai responder. O partido tem muita capilaridade. Mas o PT vai ter que pensar, daqui para a frente, mais o campo progressista do que o próprio partido. O PT estava consolidado, forte, em seu melhor momento, e o Lula já entendia que o partido tinha que fazer, em algum momento, esse gesto de apoiar o candidato a presidente de outro partido. Você imagina agora. Mais ainda, né? Lula já entendia, e eu concordo com ele, que o roteiro de um partido de esquerda hegemônico, em torno do qual os demais orbitam, tinha se esgotado", finaliza.

P U B L I C I D A D E 

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