Um empresário do Catar está planejando transportar ao país, dentro de aviões, um total de quatro mil vacas holandesas. A iniciativa é parte dos esforços para manter o suprimento de leite no emirado no Golfo durante o bloqueio diplomático estabelecido pelas potências vizinhas.
Anunciado como o maior transporte aéreo de bovinos da história, o plano foi descrito por Moutaz al-Khayyat, presidente da Power International Holding, à agência de notícias Bloomberg.
Khayyat afirmou que seriam necessários cerca de 60 voos para levar os animais, que pesam em torno de 590 quilogramas cada. "Esse é o momento de trabalhar em prol do Catar", disse o executivo ao veículo, contando ainda que comprou as vacas leiteiras nos Estados Unidos e na Austrália.
A empresa de Khayyat, responsável pela construção do maior centro comercial do Catar, está expandindo seus negócios agrícolas numa fazenda a cerca de 50 quilômetros da capital Doha, com área equivalente a 70 campos de futebol.
O empresário deu início à produção de leite de ovelha no local, e a importação das vacas holandesas, para ampliar seus negócios, já estava nos planos, mas os animais viriam de navio. Com o isolamento do Catar na semana passada, o projeto precisou ser acelerado, contou Khayyat.
A previsão, segundo o executivo, é começar a produzir leite fresco ainda neste mês. Ele espera que a demanda do país por laticínio seja suprida em até um terço até meados de julho.
Isolamento diplomático
Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egito decidiram, em 5 de junho, suspender as relações com o governo em Doha, alegando que o emirado apoia o terrorismo. Apesar de ser um dos países mais ricos do mundo, o Catar importa alimentos básicos, como carne, leite e açúcar.
Até então, grande parte dos laticínios consumidos no país vinha das nações vizinhas, incluindo a Arábia Saudita. Após o bloqueio diplomático, Riad fechou a única fronteira terrestre da península do Catar, por onde passavam cerca de 40% de todos os alimentos importados pelo emirado, gerando um temor pela escassez de comida.
Em apoio a Doha, o governo da Turquia tem tentado repor os produtos que desapareceram das prateleiras dos supermercados do país, como o iogurte. Marrocos e Irã também se comprometeram a fornecer alimentos ao emirado. No fim de semana passado, autoridades em Teerã comunicaram o envio de cinco aviões com toneladas de frutas e legumes.
A justificativa oficial das potências do Golfo é de que o país apoia o terrorismo do "Estado Islâmico", da Irmandade Muçulmana e do grupo radical palestino Hamas, assim como de grupos extremistas na região de Qatif, no leste da Arábia Saudita, e no Bahrein. O governo em Doha nega as acusações.
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