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O Brasil do ódio “assassinou” Marisa Letícia!

Escrito por Miguel Dias Pinheiro, advogado

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O Brasil pergunta e não ficará calado por muito tempo: “Como dissociar a morte da esposa de Lula da pressão a que estava sendo submetida pela Lava Jato?” A operação “policial-ministerial-judicial” deflagrou nada mais, nada menos que cinco ações penais contra Lula. Três delas incluindo o nome de Marisa Letícia. Ela presenciou, por exemplo, o marido ser conduzido coercitivamente diante de um “show midiático” patrocinado ao vivo pela TV Globo para o mundo inteiro.

Os “homens da Lava Jato” vazaram até gravações ilegais invadindo a intimidade e a privacidade dos familiares de Marisa. Com justeza, antes de morrer, o ministro Teori Zavascki anulou aquela patifaria patrocinada pelo ódio, pela injúria, pela implicância, pelo achincale, pela perseguição e pelo preconceito.

Em que pese a morte física, que deve ser lamentada, claro, também de se lamentar – mesmo que tardiamente – o “assassinato moral” da ex-primeira-dama do Brasil. Sem dúvida, Marisa leva para o túmulo as marcas do rancor daqueles que não sabem conviver igualmente com os desiguais, que não sabem perder na luta democrática.

Ainda enferma no leito daquele hospital, seu espírito, sua alma assistiu a covardia brasileira expressada por canalhas quando desejaram-lhe um final trágico: “Que ela morra!” Já morta, um “enxame de semoventes” continua destilando ira e, agora, bradando a eliminação de toda a família enlutada.

"Não luto contra pessoas, luto contra o sistema que explora e esmaga a maioria do povo". A frase que vivia repetindo e praticando o grande resistente ao arbítrio, inúmeras vezes preso e torturado, Gregório Bezerra, me veio à cabeça quando começaram a surgir notícias da morte de Marisa Letícia, a esposa de Lula, que dignificou a figura de primeira dama do Brasil. Tenho pena, não ódio, de quem comemorou o AVC de Marisa Letícia. (...) Não tenho ódio, tenho pena e indignação. Todos estes contribuíram, sim, para a morte de Marisa Letícia, mas não devemos odiar estes, mas sim lutarmos contra o sistema que os gerou, que faz hoje se sentirem vitoriosos de uma vitória suja, safada, injusta, ilegal. Vitoriosos lá do jeito deles. Como disse Darcy Ribeiro, "detestaria estar no lugar de quem me venceu”, escreveu o jornalista Washington Luiz de Araújo.

Marisa Letícia não era dona Ruth Cardoso! E muito menos Roseane Collor e Marcela Temer! A agora ex-esposa de Lula não deve ser comparada a nenhuma dessas figuras que passaram e passam pelo poder exigindo serem “notadas”. Não! Nunca se soube na história democrática do Brasil uma só ingerência de dona Marisa em decisões do marido presidente da República.

Ao contrário de Ruth, Roseane e Marcela, o maior legado de Marisa Letícia foi de ter sido uma esposa alheia à liturgia do poder. Discreta e simplesmente uma dona de casa e mãe de família. Uma brasileira autêntica, sem alegorias e faces.

 Para a jornalista Tereza Cruvinel, “a morte de dona Marisa Letícia é a síntese dolorosa da força do ódio inoculado nas veias do Brasil nos últimos anos contra o PT, contra ela, Lula e a família, contra tudo o que representaram desde 2003. (...) A hora é de recordar uma mulher do povo, uma brasileira de fibra que silenciosamente ajudou a escrever páginas importantes da história contemporânea. (...) No limite do insuportável,  o corpo foi vencido, o aneurisma rompeu-se.  Não é preciso dizer agora o nome de ninguém. Os mais insanos podem ter celebrado mas alguns não devem ter dormido em paz esta noite.    O Brasil anda enlouquecido mas ainda não perdeu a razão que lhe permitirá tirar conclusões. A hora é recordar Marisa, uma brasileira, que na morte homenageará a vida com a doação de seus órgãos”.

 O Brasil do ódio venceu! Porém, “assassinando” Marisa!

*Por Miguel Dias Pinheiro, advogado

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