A fosfoetanolamina sintética, popularmente conhecida como pílula do câncer, voltou a ser tema de debate esta semana. Um projeto de lei, aprovado na Câmara dos Deputados, autoriza a fabricação, distribuição e uso da substância, mesmo antes da liberação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que gerou controvérsias entre profissionais de saúde.
Desenvolvida por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), a substância é apontada como cura para diferentes tipos de câncer, apesar de não ter eficácia comprovada cientificamente. A Anvisa critica o uso por não existirem testes suficientes para comprovar a segurança e eficácia desse tipo de tratamento.
O projeto de lei aprovado pela Câmara determina que pacientes com tumor maligno vão poder utilizar a fosfoetanolamina, desde que haja a comprovação da doença através de laudo médico. Para ter acesso ao tratamento, o paciente precisará assinar um termo de responsabilidade.
Para a oncologista Cristiane Amaral, a decisão de regulamentar o uso da chamada pílula do câncer é precipitada e pode ter resultados contrários aos esperados. Ela acredita que a falta de testes que comprovem a eficácia da substância coloca em risco a saúde dos pacientes que a utilizam.
“Estão querendo queimar etapas. Jogaram nas redes sociais como se fosse a solução do problema do câncer. Todo medicamento precisa ser estudado, antes de ser disponibilizado à população. É preciso conhecer os efeitos colaterais da substância no organismo. Isso vai contra uma boa prática médica”, pontua.
Cristiane Amaral ainda argumenta que, em todo o mundo, diversas substâncias para o tratamento de câncer são estudadas, o que demanda um tempo maior de pesquisa para garantir a eficácia. “Ainda não é possível saber qual a dosagem correta para cada caso, a forma de aplicação, os efeitos colaterais. Essas respostas só são possíveis através de testes, que não acontecem de uma hora para outra”, afirmou.
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