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Psicopatia: experiências traumáticas na infância podem contribuir para desenvolver transtorno

Caso da criança que colocou fogo no apartamento dos avós em Minas Gerais suscitou o debate: afinal, o que é psicopatia e como ela se manifesta?

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 A psicopatia é um subitpo de Transtorno de Personalidade Antissocial/Reprodução/Minha Saúde

O comportamento da criança de 11 anos que provocou um incêndio no apartamento dos avós com eles trancados dentro, na cidade de Patos de Minas (MG), tem repercutido nas redes sociais em todo o Brasil. O caso chamou a atenção pela aparente frieza com que a menina praticou o ato. Não demorou para que alguns internautas começassem a se referir à situação como “sinais de psicopatia”, sobretudo depois que a Polícia Civil de Minas divulgou que a menina está sob acompanhamento psicológico e que o “emocional dela preocupava a família”.

Apesar do diagnóstico da menina não ter sido confirmado, fica o questionamento: afinal, o que as pessoas entendem por Psicopatia é o mesmo que dizem os especialistas? Como alguém se torna um psicopata e que sinais um psicopata demonstra? O psiquiatra e professor Lucas Benevides explica que o desenvolvimento do transtorno de psicopatia está relacionado a diversos fatores ambientais aos quais a pessoa é exposta ao longo da vida, em especial durante a infância.

“A etiologia da psicopatia não é completamente compreendida, mas acredita-se que ela seja uma combinação de fatores biológicos, genéticos e também ambientais. Além disso, experiências traumáticas durante a infância podem contribuir para o desenvolvimento deste transtorno” - Lucas Benevides/Psiquiatra.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima de uma em cada 100 pessoas apresentam psicopatia. Mas quem tem o transtorno demonstra algum sinal? Lucas Benevides diz que sim. A maioria das pessoas que apresentam comportamento psicopático demonstra ter algum grau de comprometimento cognitivo. O psiquiatra diz que os psicopatas são, muitas vezes, charmosos e manipuladores.

“Eles também podem demonstrar falta de remorso, culpa, incapacidade de empatia, mentira patológica, impulsividade e até irresponsabilidade. Além disso, eles podem ter uma visão distorcida de si mesmos e a necessidade de estímulo constante”. Lucas Benevides/Psiquiatra.

Ainda não existe um consenso sobre a classificação dos tipos de psicopatas, mas, segundo Lucas Benevides, há pelo menos dois grandes perfis que podem ser observados em quem tem o transtorno: os psicopatas não-grupalizados e os psicopatas grupalizados: os primeiros são chamadas de “psicopatas verdadeiros” e parecem ter uma predisposição biológica ou genética para o comportamento psicopático, ou seja, não conseguem estabelecer relação de confiança com comparsas. Já os grupalizados conseguem estabelecer um tipo de relação com aqueles em seu entorno.

O psiquiatra lembra que a psicopatia não é uma doença e sim um transtorno de personalidade, mais precisamente um subtipo do TPA (Transtorno de Personalidade Antissocial). “A psicopatia é, na verdade, um atraso no desenvolvimento emocional, um retardo mental e um atraso no desenvolvimento cognitivo para o qual não há cura”.

A ausência de uma cura, ele explica, s deve ao fato de que o psicopata não reconhece que tem um problema e não sente necessidade de mudança. Em alguns casos, podem ser feitas terapias e intervenções para ajudar a gerenciar o comportamento.

O psiquiatra Lucas Benevides destaca que a psicopatia é diferente da sociopatia. Enquanto sociopatas conseguem estabelecer algum vínculo e respeitar grupos, os psicopatas afrontam as regras estabelecidas pela sociedade, mas respeitam o que ele chama de “regras do crime”.

“Sociopatas tendem a ser mais impulsivos e voláteis, podendo formar laços emocionais mesmo que frágeis. Os psicopatas, no entanto, são mais calculistas, manipuladores e possuem uma falta de emoção mais acentuada”, o médico faz a distinção.Lucas Benevides/Psiquiatra.

Se um psicopata comete um crime, ele pode ter a pena reduzida?

Entrando na esfera legal, o psiquiatra Lucas Benevides explica que em alguns sistemas jurídicos, se o criminoso for diagnosticado com Transtorno de Personalidade Antissocial, o diagnóstico pode sim influenciar na avaliação da responsabilidade criminal e até mesmo na determinação da sentença. Geralmente sob a justificativa de que ele apresenta um risco maior de reincidência.

É importante frisar que no caso da neta que colocou fogo no apartamento dos avós em Minas Gerais não há nenhum diagnóstico relacionado a psicopatia ou a qualquer outro transtorno. A jovem está sob tutela da mãe e fazendo acompanhamento psicológico.

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Fonte: Portal O Dia / Maria Clara Estrela

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