Facebook
  RSS
  Whatsapp
Home    |    Notícias    |    Geral

PRF usou perfil de eleitores para planejar blitz no 2º turno das eleições, diz ex-secretário do MJA

Alfredo Carrijo diz em depoimento à PF que relatório mostra as cidades onde Lula e Bolsonaro receberam mais de 75% dos votos.

Compartilhar

 Alfredo Carrijo /Reprodução

Alfredo Carrijo, ex-secretário de Operações Integradas do Ministério da Justiça e Segurança Pública, afirmou em depoimento à Polícia Federal que os bloqueios da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no segundo turno das eleições de 2022 foram feitos de acordo com o perfil do eleitorado de cada região.

Subordinado ao então ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, Carrijo explicou que os bloqueios da PRF foram baseados em um relatório que mostrava as cidades onde Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro haviam recebido mais de 75% dos votos no primeiro turno.

O depoimento de Carrijo é o primeiro da investigação, que permanece em sigilo. De acordo com o documento obtido pela Record TV com exclusividade, Carrijo afirma que o relatório foi elaborado por iniciativa própria da Diretoria de Inteligência do ministério, com o objetivo de verificar indícios de compra de votos nos locais onde os motoristas foram parados.

Carrijo confirmou ainda no depoimento que o ex-ministro da Justiça esteve na Bahia às vésperas do segundo turno e que houve uma determinação direta de Torres para atuação conjunta da Polícia Federal e da PRF. No entanto, somente a PRF participou dos bloqueios no dia da votação.

As operações foram concentradas no Nordeste, onde o presidente Lula liderava a corrida eleitoral. Lula venceu a eleição no primeiro turno em todos os estados da região, com ampla margem de votos sobre Bolsonaro.

A reportagem procurou a defesa de Alfredo Carrijo, mas não teve retorno até a publicação.

Anderson Torres será ouvido

Anderson Torres deve prestar depoimento na sede da Polícia Federal em Brasília, na próxima segunda-feira (8). Fontes ligadas a Torres disseram que ele deve alegar ter viajado para a Bahia, a convite do ex-diretor-geral da Polícia Federal, para a inauguração de superintendência da região. Torres também deve confirmar o pedido de ação conjunta da PF e PRF, com a justificativa de que era para fiscalizar eleitores dos dois candidatos.

O depoimento de Torres, na segunda, marca quatro meses do ataque extremista à praça dos Três Poderes em 8 de janeiro. Na época secretário de Segurança do DF, Torres foi preso seis dias depois sob suspeita de ter sido conivente e omisso diante dos ataques.

Blitz atrasou eleitores

Em 30 de outubro de 2022, policiais rodoviários federais realizaram bloqueios em diversas rodovias do Nordeste, o que impactou a movimentação de eleitores na ida aos locais de votação e causou atraso aos eleitores. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) chegou a ampliar o horário para as pessoas votarem, além de pedir explicações à PRF. A corporação informou, no dia, que o foco era evitar possíveis crimes eleitorais.

Os bloqueios foram feitos mesmo depois de o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, decidir, na véspera do segundo turno, pela proibição das blitze até o fim das eleições — qualquer tipo de operação relacionada ao transporte público, gratuito ou não, de eleitores. O então diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, foi demitido em dezembro e, atualmente, é réu por improbidade administrativa devido à operação.

Fonte: R7

Mais de Geral